O Papa Francisco divulgou
nesta quinta-feira (14/12/2023) sua mensagem para o Dia Mundial da Paz (1º de
janeiro), sobre o tema Inteligência Artificial e Paz: "Os avanços
tecnológicos que não conduzem a uma melhoria da qualidade de vida da humanidade
inteira, nunca poderão ser considerados um verdadeiro progresso". O líder
da igreja católica pediu à comunidade internacional que adote "um tratado
internacional vinculativo, que regule o desenvolvimento e o uso da inteligência
artificial nas suas variadas formas".
Além do tom de cobrança,
ele reconheceu a promessa que a IA oferece e elogiou os avanços tecnológicos
como uma manifestação da criatividade da inteligência humana.
"A inteligência é
expressão da dignidade que nos foi dada pelo Criador, que nos fez à sua imagem
e semelhança e nos tornou capazes, através da liberdade e do conhecimento, de
responder ao seu amor. Esta qualidade fundamentalmente relacional da
inteligência humana manifesta-se de modo particular na ciência e na tecnologia,
que são produtos extraordinários do seu potencial criativo", escreveu
Francisco.
Falou sobre Fake News...
"A grande quantidade
de dados analisados pelas inteligências artificiais não é, por si só, garantia
de imparcialidade. Quando os algoritmos extrapolam informações, correm sempre o
risco de as distorcer, replicando as injustiças e os preconceitos dos ambientes
onde têm origem. Quanto mais rápidos e complexos eles se tornam, mais difícil é
compreender por que produziram um determinado resultado".
...sobre o impacto da IA
no trabalho...
"O impacto das novas
tecnologias no âmbito do trabalho: trabalhos, que outrora eram prerrogativa
exclusiva da mão-de-obra humana, acabam rapidamente absorvidos pelas aplicações
industriais da inteligência artificial. Também neste caso, há substancialmente
o risco de uma vantagem desproporcionada para poucos à custa do empobrecimento
de muitos. A comunidade internacional,
ao ver como tais formas de tecnologia penetram cada vez mais profundamente nos
locais de trabalho, deveria considerar como alta prioridade o respeito pela
dignidade dos trabalhadores e a importância do emprego para o bem-estar
econômico das pessoas, das famílias e das sociedades, a estabilidade dos
empregos e a equidade dos salários".
... e não poderia deixar
de falar com os jovens.
"Os jovens estão
crescendo em ambientes culturais impregnados de tecnologia, o que não pode
deixar de pôr em causa os métodos de ensino e formação. É necessário que os
jovens desenvolvam uma capacidade de discernimento no uso de dados e conteúdos
recolhidos na internet ou produzidos por sistemas de inteligência artificial.
As escolas, as universidades e as sociedades científicas são chamadas a ajudar
os estudantes e profissionais a assumir os aspectos sociais e éticos do
progresso e da utilização da tecnologia".
Francisco concluiu seu
discurso desejando que "os progressos no desenvolvimento de formas de
inteligência artificial sirvam, em última análise, a causa da fraternidade
humana e da paz", e espera "que o rápido desenvolvimento de formas de
inteligência artificial não aumente as já demasiadas desigualdades e injustiças
presentes no mundo, mas contribua para pôr fim às guerras e conflitos e para
aliviar muitas formas de sofrimento que afligem a família humana".
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