Eleições estão batendo à
porta em muitos países neste ano e o assunto fake news já vem aparecendo com
mais frequência nos noticiários. Enquanto por aqui (em terra brasileira) o
congresso não toma decisões e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) começa a
colocar em prática um tipo de regulação de publicações digitais (incluindo
inteligência artificial), as Big Techs (leia-se Adobe, Amazon, Google, IBM,
Meta, Microsoft, OpenAI, TikTok, entre outras) firmaram um pacto no intuito de
trabalhar para que as ferramentas de IA não sejam usadas com fins antidemocráticos.
O Acordo Tecnológico para
Combater o Uso Enganoso de IA nas Eleições de 2024 foi firmado por executivos
das empresas neste mês, durante a Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha.
De acordo com o comunicado divulgado à imprensa, o pacto trata-se de um “conjunto
de compromissos para implantar tecnologia que combata conteúdo prejudicial
gerado por IA destinado a enganar os eleitores” de mais de 40 países que têm
eleições previstas para este ano.
“Este é um ano eleitoral
crucial para mais de 4 mil milhões de eleitores em todo o mundo e a segurança e
a confiança são essenciais para o sucesso das eleições e campanhas em todo o
mundo. A Amazon está comprometida em defender a democracia e o Acordo de
Munique complementa nossos esforços existentes para construir e implantar novas
tecnologias de IA que sejam confiáveis, seguras e protegidas. Acreditamos que
este acordo é uma parte importante do nosso trabalho coletivo para promover
salvaguardas contra atividades enganosas e proteger a integridade das eleições”,
disse David Zapolsky, vice-presidente sênior de Políticas Públicas Globais e
Conselheiro Geral da Amazon.
A nota diz ainda que as
bigs se comprometem a “trabalhar de forma colaborativa em ferramentas para
detectar e abordar a distribuição online desse conteúdo de IA, impulsionar
campanhas educativas e dar transparência, entre outras medidas concretas”.
“A democracia depende de
eleições seguras e protegidas. O Google tem apoiado a integridade eleitoral há
anos e o acordo de hoje reflete um compromisso da indústria contra a
desinformação eleitoral gerada pela IA que corrói a confiança. Não podemos
permitir que o abuso digital ameace a oportunidade geracional da IA para
melhorar as nossas economias, criar novos empregos e impulsionar o progresso na
saúde e na ciência”, disse Kent Walker, presidente de Assuntos Globais do Google.
O conteúdo digital
abordado pelo acordo consiste em áudio, vídeo e imagens gerados por IA que
falsificam ou alteram enganosamente a aparência, voz ou ações de candidatos
políticos, autoridades eleitorais e outras partes interessadas importantes em
uma eleição democrática, ou que fornecem informações falsas aos eleitores sobre
quando, onde e como podem votar.
“Com tantas eleições
importantes ocorrendo este ano, é vital que façamos o que pudermos para evitar
que as pessoas sejam enganadas por conteúdo gerado por IA. Este trabalho é
maior do que qualquer empresa e exigirá um enorme esforço da indústria, do
governo e da sociedade civil. Esperamos que este acordo possa servir como um
passo significativo da indústria para enfrentar esse desafio”, disse Nick
Clegg, presidente de Assuntos Globais da Meta.
Assinaram o acordo representantes
da Adobe, Amazon, Anthropic, Arm, ElevenLabs, Google, IBM, Inflection AI,
LinkedIn, McAfee, Meta, Microsoft, Nota, OpenAI, Snap Inc., Stability AI,
TikTok, Trend Micro, Truepic e X.
“À medida que a sociedade
abraça os benefícios da IA, temos a responsabilidade de ajudar a garantir que estas
ferramentas não se tornem armas nas eleições. A IA não criou o engano
eleitoral, mas devemos garantir que não ajude o engano a florescer”, disse Brad
Smith, vice-presidente e presidente da Microsoft.
As empresas participantes
concordaram com oito compromissos específicos:
- Desenvolver e implementar tecnologia para mitigar riscos relacionados a conteúdo eleitoral enganoso de IA, incluindo ferramentas de código aberto, quando apropriado;
- Avaliar modelos no escopo deste acordo para compreender os riscos que eles podem apresentar em relação ao conteúdo eleitoral enganoso de IA;
- Buscar detectar a distribuição deste conteúdo em suas plataformas;
- Buscar abordar adequadamente esse conteúdo detectado em suas plataformas;
- Promover a resiliência entre setores a conteúdo eleitoral enganoso de IA;
- Fornecer transparência ao público sobre como a empresa aborda o assunto;
- Continuar a envolver-se com um conjunto diversificado de organizações globais da sociedade civil, académicos;
- Apoiar esforços para promover a conscientização pública, a alfabetização midiática e a resiliência de toda a sociedade.
“As eleições são o
coração pulsante das democracias. O Acordo Tecnológico para Combater o Uso
Enganoso de IA nas eleições de 2024 é um passo crucial no avanço da integridade
eleitoral, aumentando a resiliência social e criando práticas tecnológicas
confiáveis”, disse o Embaixador Dr. Christoph Heusgen, presidente da
Conferência de Segurança de Munique.
“A MSC (Munich Security Conference) tem orgulho de oferecer uma plataforma para que as empresas de tecnologia tomem medidas para conter as ameaças que emanam da IA e, ao mesmo tempo, empregá-la para o bem democrático”, finalizou Christoph Heusgen.
Nenhum comentário:
Postar um comentário