Agência FAPESP* – Agência
FAPESP – Um grupo de pesquisadores brasileiros ganhou, no dia 5 de fevereiro, o
segundo lugar no Vesuvius Challenge 2023, concurso que tinha como desafio a
leitura de um pergaminho enrolado, carbonizado e soterrado durante a erupção do
vulcão Vesúvio, na Itália, em 79 d.C.
Recuperados no século 18,
os pergaminhos não podem ser abertos pelo grande risco de se deteriorarem para
sempre. Os "Papiros de Herculano", como são conhecidos pelo nome da
cidade onde foram encontrados, ao lado da famosa Pompeia, puderam ser
desvendados e lidos por técnicas que utilizaram redes neurais, aprendizado de
máquina, inteligência artificial e visão computacional.
Em grego, o texto do
primeiro papiro, traduzido por papirologistas, que já foi decifrado em 60%, tem
conteúdo filosófico epicurista que fala de prazeres com comida e música.
Epicuro foi um filósofo grego que viveu entre 341 a.C. e 271 a.C. Acredita-se
que o texto foi escrito pelo filósofo grego Filodemo, que viveu entre 110 a.C.
e 35 a.C.
"O prêmio era para a
equipe que conseguisse ler uma sentença inteira, ser capaz de 'desenrolar os
rolos' e identificar todas as letras. Apenas quatro times no mundo conseguiram
desenvolver um método capaz de mostrar as sentenças no interior dos
pergaminhos. A comissão do prêmio julgou o melhor método, o que teve as
sequências mais legíveis. Outros três times, incluindo o nosso, ficaram
empatados em segundo lugar pela legibilidade similar e ganharam US$ 50 mil cada
um", conta à Agência FAPESP o professor Odemir Martinez Bruno, do
Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP), onde
coordena o Grupo de Computação Científica.
O time foi liderado por
Elian Rafael Dal Prá, que fez três iniciações científicas com o professor Bruno
(a última delas relacionada aos pergaminhos) e acabou de entrar no mestrado no
IFSC-USP para trabalhar com inteligência artificial. "Estamos em contato
com a organização do prêmio do Vesúvio para ele fazer o mestrado nesse tópico,
aprimorando a inteligência artificial para leitura dos rolos."
Completam o time que fez
a codificação do sistema Leonardo Scabini, pós-doutorando no IFSC-USP com bolsa
FAPESP, sob a supervisão de Bruno, e Sean Johnson, administrador de sistemas
norte-americano. Outros cinco integrantes são: Raí Fernando Dal Prá, graduando
de ciências de computação no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação
(ICMC-USP), João Vitor Brentigani Torezan, graduando de física no IFSC-USP,
Daniel Baldin Franceschini, mestrando em engenharia química na Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Bruno Pereira Kellm, graduando de
enfermagem na Universidade Norte do Paraná (Unopar), e Marcelo Soccol Gris,
empreendedor.
Os primeiros colocados no
desafio foram o egípcio Youssef Nader, doutorando na Freie University
(Alemanha); Lucas Farritor, estudante de ciência da computação da University of
Nebraska (Estados Unidos) e estagiário na empresa Space X; e Julian Schilliger,
estudante de robótica do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (Suíça).
Eles dividiram o grande prêmio de US$ 700 mil. Na organização do concurso estão
o professor Brent Seales, da University of Kentucky (Estados Unidos), e os
investidores e empreendedores Nat Friedman e Daniel Grosso.
Todos os competidores
puderam montar suas estratégias de leitura sem danificar o material com imagens
dos pergaminhos que receberam da organização do prêmio, feitas no acelerador de
luz síncrotron Diamond Light Source, na Inglaterra, e também por meio de
tomografias de alta resolução.
Mais detalhes em: https://scrollprize.org/grandprize.
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